Erro
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[ poesia #2 ]
Eu erro e depois aponto
Eu aponto e depois erro
A ponto daquele meu erro
Já ter sido meu terceiro
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E berro quando me dou conta
Conta faço em desespero
Sem perceber o mau eterno
Do que leva ao meu enterro
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Já contei pro mundo inteiro
O apuro em que me coloquei
Por confiar no teu esmero
Cheque em branco que te dei
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Agora faço aquela conta
Que n’outro verso abandonei
Pra saber o quanto injusto
Por te julgar eu me tornei
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Sabendo que de longe espero
Perfeição vinda de você
Aquela mesma que não quero
Que me cobre a manter
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Se eu me enxergasse era fácil
Erro fácil e dá pra ver
Quando em terceira pessoa
Me transformo pra entender
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Corto a nossa relação
Listando até o amanhecer
Tod’essa insatisfação
Gerada por não perceber
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Que é via de mão dupla
Errar e errado vai permanecer
Todo aquele que recusa
Seu problema resolver
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De não entender contradição
Essência humana — de doer!
Esperar sempre a perfeição
De quem um dia vai morrer